E se a exploração de gás de xisto proporcionar tantos milhões como desastres ambientais? Mais do que opiniões, as atitudes dividem-se entre os grandes investidores na exploração do gás de xisto – como a China, o Reino Unido ou a Polónia -, e os que lhe lançam medidas proibitivas como a França. Em Portugal ainda é uma novidade a ser debatida…
A exploração do gás de xisto
Não convencional, a exploração de gás de xisto começa com formação deste gás em argilas betuminosas, que se encontram no subsolo a grande profundidade: entre cerca de seiscentos a três mil metros. As formações deste gás estendem-se por quilómetros a perder de vista quilómetros e só pode ser extraído através da perfuração horizontal com uma técnica conhecida como fracking ou fractura hidráulica.
E o que é o fracking? Esta forma de exploração de gás de xisto consiste em partir a rocha através da injecção de jactos de água, misturada com areia e químicos, a altíssimas pressões.
Só para ter a noção: a pressão é tão grande que faz da contaminação química dos lençóis freáticos e da água potável um risco constante!
Sabia que a exploração de gás de xisto pode induzir a actividade sísmica? Pois. Já aconteceu na Grã-Bretanha!
Existem, no entanto, e lamentavelmente, outros perigos. Saiba que o metano, cancerígeno, é o principal composto deste gás e tem 105 vezes mais potencial para aquecer a atmosfera do que o dióxido de carbono.
Sabe o que isto significa? Significa que gera quarenta a sessenta vezes mais emissões de estufa do que o gás convencional!
Ademais, a técnica de exploração de gás de xisto pressupõe o uso de toneladas de água. Ora a água é um bem imprescindível e escasso em muitas regiões do mundo – além de que a contaminação química de grandes massas de água com benzeno e metano torna-se inevitável.
Outras enormes desvantagens deste tipo de exploração de gás de xisto prendem-se com:
- uma difícil gestão dos resíduos tóxicos;
- a poluição atmosférica;
- o desastre paisagístico;
- incessante perfuração e abertura de novos poços;
- danos colaterais relacionados com a indústria de extracção.
Pense na quantidade de areia, toneladas, necessárias para este tipo de exploração!
Então e os milhões?
Na verdade, os EUA descobriram na exploração de gás de xisto uma alternativa muito rendível: o custo de extracção é muitíssimo mais baixo do que o de petróleo. E, como já se sabe, a exploração do petróleo acarreta um grande problema no crescimento global.
A exploração de gás de xisto representa uma fonte abundante de energia barata!
Em Portugal, dizem, existem regiões óptimas para a exploração deste gás. E sabe onde ficam? Em zonas ambientalmente protegidas. Que, galinha de ovos podres, ironia!
As zonas de interesse, por cá, para a exploração de gás de xisto, vão desde o distrito de Setúbal a Coimbra, incluindo os concelhos do Bombarral, Cadaval e Alenquer – bem como as Bacias do Algarve e do Baixo Alentejo.
Algumas destas regiões, como a Praia da Marreta ou a Carrapateira, são zonas protegidas ambientalmente!
É sabido que o actual e miserável governo, através da Galp, celebrou um acordo de exploração com a Mohave Oil & Gas. Em 2013 o PEV propôs à AR a aplicação de uma moratória à exploração de Gás de Xisto (Projecto de Lei nº 456/XII/3ª) tendo sido apresentada pelo BE uma proposta para proibir a sua exploração e extracção.