Na exploração mineira o risco é definido como uma característica física ou química de um material, processo ou instalação que tem o potencial de causar danos às pessoas e ao ambiente. A indústria mineira hoje tem, portanto, uma preocupação crescente com os acidentes externos e internos ocorridos na exploração mineira.
Desta forma, é muito importante produzir estudos de avaliação de riscos de forma a poder detectar os pontos fracos ao nível do funcionamento das instalações – assim como no processo extractivo que inclui as explosões e os danos provocados ao ambiente.
Os deslizamentos em escombreiras na exploração mineira
As modificações na morfologia, a perda de solo, a alteração da qualidade da água, a inevitável perda de vegetação e as modificações na rede de drenagem causadas pela exploração mineira e aliadas às escombreiras – ou mesmo às galerias subterrâneas – podem induzir, pela indústria mineira, nas zonas envolventes, um aumento do risco de:
- desprendimentos;
- deslizamentos dos taludes;
- abatimento de terrenos (subsidências);
- aumento da carga sólida dos cursos de água, com assoreamentos e consequentes inundações.
Estabilidade e instabilidade de taludes de escombreiras
Independentemente de existirem inúmeras classificações para este tipo de movimentos, existem alguns que apresentam um maior significado para a estabilidade e instabilidade de taludes de escombreiras na exploração mineira.
As formas de instabilidade em escombreiras podem classificar-se, tendo em conta a posição da superfície de ruptura, em:
- Superficiais, quando não afectam a base da escombreira;
- Profundas, sempre que atingem a base da escombreira.
Que tipos de ruptura existem?
Os tipos de ruptura são identificados de acordo com a geometria na exploração mineira. Assim temos:
- Deslizamentos rotacionais (circulares), próprios de materiais com granulometria fina e com propriedades geotécnicas homogéneas;
- Deslizamentos mistos, movimentos bastante complexos geralmente associados a escorregamentos rotacionais que incluem componentes translacionais e ou do tipo fluxo na sua base;
- Deslizamentos translacionais (cunha), próprios dos materiais com fortes anisotropias, estas rupturas ocorrem através de um plano; é um tipo de movimento que poderá ocorrer quando a base de apoio da escombreira não é suficientemente resistente para suportar o peso dos estéreis.
O caso das Minas da Panasqueira
As minas da Panasqueira encerraram duas áreas (Panasqueira e Cabeço do Pião). Porque não foram realizados, na altura, estudos de avaliação de riscos de forma a identificar as vulnerabilidades que poderiam surgir após o encerramento da mina?
A instabilidade de escombreiras geralmente traduz-se em movimentos de vários tipos (creep, deslizamentos, desenvolvimento de ravinas, etc.).
Estes movimentos são condicionados por diversos factores intrínsecos (tipo de material e granulometria, variações de temperatura e humidade, queda intensa de precipitação, seja em curtos períodos de tempo ou em períodos mais dilatados, efeito de vibrações, mecanismos erosivos, etc.).
Consequências?
A instabilidade de escombreiras na exploração mineira pode ter consequências gravosas para pessoas e equipamentos, obstrução de vias de comunicação, assoreamento de rios e, por vezes, em função da quantidade do material deslizado, poderá este bloquear provisoriamente a totalidade do curso de água – funcionando como barragem -, criando aqui a acumulação de água.
Importante é não esquecer de que, normalmente, são casos como este que assumem um aspecto mais catastrófico. O efeito momentâneo de barragem, ao ser removido, favorece o aparecimento de uma nova frente destruidora de água e lama, eventualmente mente contaminada por metais pesados que, invariavelmente, vão inviabilizar a prática da agricultura por um largo período de tempo nos campos atingidos pela enxurrada.